Basta ver o crescimento da população mundial para acreditar que a reprodução humana é um processo fácil e imediato. Mas não é. Além de um óvulo e de um espermatozoide é preciso um conjunto de condições especiais e muita sorte.
1. O que tenho de fazer antes de começar a tentar engravidar?
Convém ir a uma consulta de Planeamento Familiar para saber se está tudo em ordem. O médico irá passar-lhe alguns exames, nomeadamente análises ao sangue, para avaliar o seu estado de saúde geral e saber se está imune à toxoplasmose, à rubéola ou ao citomegalovírus, que são alguns dos problemas que podem ocorrer durante a gravidez e afectar o desenvolvimento do bebé. O médico deverá também recomendar uma citologia cervical (exame de Papanicolau), para prevenir o cancro do colo do útero, e uma ecografia pélvica, para observar útero, ovários e trompas de Falópio. Além destes exames, deverá iniciar um suplemento de ácido fólico para evitar defeitos do tubo neural (espinha bífida) no bebé. É também recomendado que tenha as vacinas em dia.
A vacina do tétano (que geralmente muitos adultos têm em atraso) deve ser tomada cerca de dois meses antes de engravidar. No que diz respeito ao dia-a-dia, manter um estilo de vida saudável é essencial para que tudo corra dentro do melhor e isso inclui reduzir (ou parar, se possível) o consumo de álcool e de tabaco, manter uma alimentação equilibrada, praticar actividade física regularmente e, claro, ter tempo para si, para se divertir e relaxar.
2. Depois de parar a pílula, quanto tempo devo esperar antes de tentar engravidar?
Antes pensava-se que seria preciso esperar alguns meses para que o corpo voltasse ao normal em termos hormonais. Agora sabe-se que tal não é necessário e que a fertilidade até é mais elevada logo a seguir a deixar de tomar a pílula. Isto acontece porque o corpo regista um maior impulso hormonal.
3. Como é que acontece a concepção?
Para muitos casais, as aulas de Biologia já estão esquecidas. Por isso, aqui vai uma lição simplificada: o ciclo fértil de uma mulher tem, geralmente, 28 dias, mas pode ter mais ou menos. Começa a contar-se no primeiro dia da menstruação e dura até ao dia que antecede a menstruação seguinte. Se o ciclo tiver sempre a duração de 28 dias, 14 dias depois um óvulo liberta-se do folículo (ovulação) e começa a percorrer o caminho pela trompa de Falópio. Se, entretanto, um espermatozoide vier a nadar pela trompa acima, pode acontecer um encontro mágico e dar-se a fertilização. Depois, os dois – que já são só um – formam o zigoto, que irá caminhar até ao útero (este percurso dura quatro a cinco dias), onde será implantado. Objectivo cumprido.
Depois de libertado pelo folículo, o óvulo apenas permanece viável durante um máximo de 24 horas, mas os espermatozoides vivem durante muito mais tempo (cerca de 72 horas, mais nalguns casos). Por isso, na sua caminhada, o óvulo pode encontrar os espermatozóides que tenham subido até à trompa de Falópio após uma relação sexual acontecida há, por exemplo, dois dias e dar-se a fecundação num dia em que nem houve qualquer relação sexual. Por isso, quem está a tentar conceber deve ter relações sexuais nos dias antes da ovulação, garantindo, assim, que fica alguma reserva de espermatozoides à espera do óvulo.
Se não houver fertilização, o óvulo desintegrar-se-á e nunca chegará ao útero. Este processo demora 14 dias e é o tempo que demora a aparecer a menstruação.
4. E se o meu ciclo não for de 28 dias?
Os ciclos podem variar de duração. Entre 25 e 35 dias considera-se um ciclo normal. Fora destes parâmetros é melhor consultar o médico. A ovulação dá-se 14 dias antes da próxima menstruação, por isso, para saber quando está a ovular terá de retirar 14 dias à duração do seu ciclo. Por exemplo, se, em média, os ciclos têm 30 dias, a ovulação deverá ocorrer 16 dias depois do primeiro dia da menstruação. Mas, de um mês para o outro, os ciclos podem sofrer alterações levando a ovulação a ocorrer noutra altura.